Vegetariano não come carne. A definição é muito clara e direta. Mas, em tempos de alimentos cada vez mais industrializados, ela precisa de um upgrade. Afinal, uma olhada mais atenta no rótulo de produtos como sorvetes, sucos e mesmo leite de soja pode mostrar que eles não são tão "verdes" quanto aparentam: no processo de fabricação ou na composição, contam com aditivos de origem animal.
Um exemplo inusitado é a cochonilha - um corante feito a partir de besouros. Originário do México e considerado uma praga, o besourinho possui um pigmento capaz de dar um tom vermelho aos produtos. Por isso, a cochonilha costuma ser adicionada a sucos, como o de uva, e bebidas e biscoitos com sabor de morango, entre outros.
Identificar o aditivo nem sempre é simples: além de cochonilha, ele pode aparecer como carmin, cochineal e colorizante E120, afirma a socióloga Marly Wincler, presidente da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira). "Muitos produtos têm escondido na 'caixa preta' dos rótulos componentes de origem animal, por isso os vegetarianos e veganos são infatigáveis leitores de rótulos."
Para facilitar esse trabalho, a SVB decidiu criar um "selo verde", voltado a produtos que não utilizem nenhum componente de origem animal. A idéia é que ele sirva de parâmetro para os vegetarianos, assim como o selo desenvolvido pela Anad (Associação Nacional de Assistência ao Diabético) representa, para quem tem a doença, a garantia de que determinado produto está adequado a suas restrições alimentares. Segundo Wincler, a SVB está na fase final de estabelecimento dos critérios da certificação e da criação do design do selo, e algumas empresas já manifestaram interesse em contar com a certificação.
Enquanto isso, algumas empresas buscam por conta própria se aproximar das exigências desse tipo de consumidor. Um exemplo é a Olvebra, especializada em produtos à base de soja, que contratou a consultoria NutriVeg para analisar se algum de seus produtos leva componentes animais.
Em outros casos, são os consumidores que pressionam as empresas por mudanças. Um caso recente ocorreu no Reino Unido, quando a fabricante de chocolates Masterfoods divulgou que passaria a usar substâncias de origem animal. A Vegetarian Society (http://www.vegsoc.org/) organizou uma campanha e, após um bombardeio de e-mails e telefonemas, a empresa voltou atrás.
Outra forma que a entidade encontrou para pressionar as empresas é a realização do concurso anual Imperfect World Award (prêmio do mundo imperfeito), que indica os produtos que os vegetarianos mais gostariam que não utilizassem componentes animais. Na última edição do prêmio, divulgada em março, a cerveja Guinness ficou em primeiro lugar. Isso devido ao uso de um colágeno obtido de peixes na fabricação da bebida - a substância deixa o líqüido menos turvo.
Mas a batalha dos vegetarianos também esbarra em alguns mitos. Entre os que consomem leite, por exemplo, existe a preocupação de evitar alguns tipos de queijo, que seriam feitos a partir da quimosina. Também conhecida como renina, ela é uma enzima que seria retirada do estômago dos bezerros para coalhar o leite.
Mas, segundo o engenheiro de alimentos Luiz Eduardo de Carvalho, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), esse é um método de fabricação muito antigo. Atualmente, afirma, a fabricação de queijos utiliza bactérias transgênicas, criadas para funcionar como "usinas" produtoras de quimosina. "Também as enzimas colocadas na farinha de panificação são produzidas assim", afirma Carvalho.
Por Amarílis Lage - Publicado em 24.05.2007
Fonte: Folha Online - Na foto: Tatiana Ribeiro, do blog Viva
parabéns pelo blog!
ResponderExcluirSou vegetariano e sei que adotar esta dieta é muito difícil principalmente por que as pessoas não entendem.
Enviei um e-mail para o deputado Fernando Gabeira propondo um selo simbolizando algo como "este produto produto não foi feito com matéria-prima animal", mas não recebi resposta. Ele deve estar muito ocupado com coiss mais importantes? Mas, se preocupar com o sofrimento dos animais e mais do que isso com seu direito de realizar um ciclo de vida completo, serve como um exercício ético, fazendo as pessoas pensarem antes de fazerem o que lhes ensinaram a fazer repetidas vezes. Sem falar na vantagem para a própria saúde se todos os argumentos anteriores não forem suficientes.
Olha o que eu posso dizer também é que esse blog está de parabens, vocês são muito bons em dar informações para nos pessoas que precisamos nos informar sobre o veganismo e o vegetarianismo, PARABÉNS!
ResponderExcluirSou eu na foto, mas meu nome tá errado. É Tatiana Ribeiro.
ResponderExcluirbj
Ricardo, obrigada pelo carinho. Fico feliz que tenha gostado do blog e que ele esteja sendo útil.
ResponderExcluirTati, legal saber que é você na foto. Quanto ao seu nome, já fiz a correção. Abraço!
Meu Deus, tomara que esse selo saia logo, posso estar comendo alimentos de origem animal, que eu julva naturais. Isso é horrivel.
ResponderExcluirAinda bem que tiveram essa ideia do selo, vai no ajudar muito.