Carnes

Voltaram a se incendiar as discussões sobre custos ambientais e sociais embutidos nas exportações de carnes brasileiras, e que não são remunerados pelos países industrializados que as importam.

O último balanço divulgado pelo IBGE mostra que o Brasil abateu no ano passado quase 30 milhões de bovinos, quase 31 milhões de suínos e mais de 4,7 bilhões de frangos - e a maior parte disso destinada à exportação. Mas, segundo a ONU, produzir um quilo de carne bovina exige o uso de 15 mil litros de água, em todas as fases - da implantação do pasto à produção de alimentos para o gado, dessedentação dos animais, limpeza de instalações etc. Para um quilo de porco são necessários 8 mil litros de água. Para uma ave, 4 mil litros. Mas os países industrializados importadores, que não têm terras nem água para gerar esses volumes de carnes, transferem para os exportadores todos os custos aí embutidos. E ainda controlam os preços, de acordo com suas conveniências.

Mas ainda há outra parte do problema, raramente discutida, que é a geração de dejetos pelos rebanhos. Um porco adulto gera quatro vezes mais matéria orgânica em suas fazes que um ser humano. Trinta milhões deles geram tanto quanto 120 milhões de humanos. Que dirá então o volume de dejetos produzidos por 205 milhões de bois que o Brasil mantém - cada um deles produzindo vários quilos de dejetos por dia.

E ainda é preciso discutir a geração de metano pelo gado bovino, que contribui fortemente para o efeito estufa e as mudanças climáticas. Não se trata de ser contra a produção e a exportação de carnes. Trata-se de avaliar todos os custos. E adotar as posições adequadas.

Por Washington Novaes - Jornalista e supervisor geral do Repórter Eco. - Publicado em 20.06.2010

Fonte: Repórter Eco