A data de hoje, 05 de novembro de 2010, marca o nono aniversário da morte de Barry Horne, ativista pelos direitos animais condenado a 18 anos de prisão por suas ações em prol da libertação animal que veio a falecer na prisão após a sua terceira greve de fome que durou 68 dias e pedia a atenção do governo britânico para o pleito dos animais explorados em laboratórios. Suas ações enquanto estava encarcerado iniciaram uma onda de ações pela libertação animal e sua memória inspira ativistas até hoje.
Anteontem, 03 de novembro de 2010, depois de já ter ficado encarcerado por 4 meses aguardando julgamento, Jordan Halliday foi condenado a 10 meses de prisão por ter se recusado a testemunhar diante de um júri sobre uma ação direta de libertação animal ocorrida nos EUA. Há apenas 10 dias, em 25 de outubro de 2010, após um julgamento que durou 3 dias nas cortes britânicas, 6 ativistas receberam sentenças que totalizam 18 anos pelo seu envolvimento com a Campanha SHAC (Stop Huntingdon Animal Cruelty).
Em 24 de setembro de 2010, ativistas do VEDDAS oficializaram a adesão à campanha SHAC por meio de um protesto em frente a uma empresa que financia o maior laboratório de vivissecção do mundo, um protesto de mesmo teor e voltado aos mesmos alvos pelos quais esses ativistas mencionados foram condenados nos últimos 10 dias e muitos mais estão sendo processados ou estão cumprem penas na prisão. Em 2008, essa mesma campanha levou 6 ativistas estadunidenses à prisão com penas que totalizam 23 anos e a justiça determinou o banimento da ONG no país. Novas ações estão sendo programadas para o Brasil.
Barry Horne é um exemplo de determinação e dedicação à causa animal e a data de sua morte deve ser lembrada por todos que lutam pela libertação animal, não devendo ser lembrada apenas como uma data para marcar algo que ocorreu no passado, pois a repressão ao movimento pelos direitos animais e que levou ao encarceramento e morte de Barry Horne aumenta a cada ano em escala e intensidade. No Brasil desfrutamos de algum conforto nesse aspecto, mas se queremos ser um movimento expressivo e vitorioso, devemos nos preparar para sofrer o mesmo grau de repressão, pois ela é a consequência esperada dirigida a um movimento que, em razão de seu sucesso, torna-se uma ameaça aos interesses daqueles que lucram com a exploração animal.
Mais do que a repressão dirigida ao movimento, intensifica-se a cada ano a exploração de animais sencientes, exploração essa que tem a única finalidade de satisfazer a curiosidade e ganância humanas. Mais do que datas, o que o nosso movimento precisa é de mais ações. Sobretudo, precisa de mais pessoas atuando. Se você está esperando que algo aconteça antes de começar a agir, acorde para o fato de que algo já está acontecendo. A proporção dessa realidade não nos permite olhá-la de maneira direta, pois a intensidade do horror nos cegaria. Por isso, muitos acabam cerrando os olhos a ela, viram as costas ou limitam a sua atuação ao nível de um “hobby” (é o que eu venho chamando de “hobbismo” em contraposição ao verdadeiro ativismo), como quem pretende querer acreditar que o problema não seja assim tão grande. Copio abaixo um trecho de uma carta que Barry Horne escreveu da prisão durante a sua última greve de fome:
“É sempre mais fácil ver as razões pelas quais não podemos ser bem-sucedidos, sempre mais fácil balançar os ombros e acreditar que o melhor que podemos fazer é tentar, quase que como uma ação de consolo. Sem acreditar no sucesso, o sucesso se torna difícil de ser alcançado, quase uma impossibilidade. Assim como a libertação animal na verdade, [que dizem ser] um conceito impossível. No entanto, sabemos que não é, ou senão pelo que estamos lutando? Nunca devemos temer o sucesso das nossas ações ou deixar de acreditar nele. E nunca devemos temer querer alcançar as estrelas, se isso for preciso. [...] como poderíamos pedir por menos? Fazer isso é condenar tantos animais a uma vida de sofrimento e morte. Acredite em mim, é chegada a hora de alcançar aquelas estrelas e acreditar que isso é possível.”
Se você se sensibiliza ao saber da verdade sobre a exploração animal, faça mais do que sensibilizar-se. Mobilize-se. Não se iluda contando que há “outras pessoas” fazendo algo por eles. A responsabilidade dessa luta é de todos aqueles que tomaram conhecimento sobre a realidade da exploração animal. Manter a inércia diante dos fatos jamais afastará o incômodo para o qual você despertou.
Para expressar o seu comprometimento com a causa e o seu respeito por aqueles ativistas que vão tão longe ao ponto de arriscar a sua vida e a sua liberdade, você deve sair da sua zona de conforto, ou seja, fazer mais do que você já faz, assumir riscos, expor-se, comprometer-se. São muitas as formas que podem ser dadas ao seu ativismo, mas para qualquer uma delas há uma condição comum: que você saia da sua zona de conforto! Isso é fator determinante para que você possa se considerar um ativista de fato. Estivesse você no lugar dos animais vitimados, você pediria nada menos do que o máximo que cada um pode dar (sendo que o máximo só se torna possível mediante algum sacrifício).
Se você está em São Paulo, participe das ações realizadas semanalmente pelo VEDDAS e que têm o seu alcance ampliado na medida em que mais pessoas colaboram com elas. Se você está em outra cidade, envolva-se com o seu grupo local, inicie o seu próprio grupo, dê nova cor ao seu ativismo individual ou ofereça as suas habilidades que possam ser usadas por grupos, ainda que esses estejam em cidades distantes da sua. Coloque em perspectiva o que o seu conforto representa diante do desconforto de bilhões de vidas exploradas a cada ano comprometa-se em realizar um trabalho com dedicação e sinceridade, um compromisso que deve estar à altura da responsabilidade que você adquiriu no momento em que você se tornou uma testemunha para daquilo para o que outros ainda não tiveram o privilégio de despertar.
Por George Guimarães
Fonte - Publicado em 05.11.2010
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