As informações mais recentes sobre o cálcio contradizem o conselho muitas vezes repetido de que o aumento da ingestão deste elemento vital é a melhor forma de preservar a massa óssea e reduzir o risco de fraturas e de osteoporose. A indústria de laticínios gosta de promover seus produtos como se fossem a chave para ossos fortes e dentes saudáveis. É melhor aceitar esta ideia com uma pitadinha de sal - ou melhor, transformá-la num prato de folhas verde-escuras cozidas.
Na química do cálcio, algumas substâncias presentes na comida ajudam o corpo a retê-lo e transportá-lo para a estrutura do esqueleto; já outras promovem a remoção e a excreção do cálcio.
Não é suficiente consumir apenas mais cálcio. Num artigo do Vegetarian Times de fevereiro, intitulado "Calcium Clash" (O Conflito do Cálcio), a editora-chefe Sharon Bloynd-Peshkin escreve: "as pessoas que consomem mais laticínios estão ingerindo mais cálcio, mas ficam para trás na equação química do cálcio."
Segundo o dr. Anthony Sebastian, do Centro de Pesquisa Clínica Geral da Universidade da Califórnia-São Francisco, o alto teor nos laticínios de aminoácidos sulfurados, que aumentam a quantidade de cálcio excretada pelo corpo, é um golpe contra seu papel de fonte de cálcio.
O artigo de Bloyd-Peshkin no Vegetarian Times cita o dr. Sebastian e Mark Hegsted, Ph.D., da Escola de Medicina de Harvard, que se aventura a cutucar uma vaca sagrada: "Supor que a osteoporose se deve à deficiência de cálcio é como supor que uma infecção se deve à deficiência de penicilina." A qualidade óssea pode não se basear simplesmente no conteúdo de minerais.
Os governos do Canadá e dos Estados Unidos recomendam a ingestão diária de 800mg de cálcio, o que excede em muito o que a maioria dos outros países aconselha a seus cidadãos. Muitos médicos recomendam às mulheres que consumam de 1.000mg a 1.500mg para evitar a osteoporose. Numa carta escrita ao jornal Toronto Star e publicada em 25 de maio, Harold H. Draper, do Departamento de Biologia Humana e Ciência da Nutrição da Universidade de Guelph, ressalta que estas recomendações podem ter mais relação com uma cultura voltada para o consumo de laticínios do que com a ciência da saúde.
É revelador que, no Japão, "a ingestão média diária é de 500mg a 600mg e a incidência de fraturas de quadril em mulheres é muito mais baixa que no Canadá."
Fora os laticínios, as fontes de cálcio incluem cereais, tofu feito com cálcio, feijões, brócolis, frutas cítricas, couve, repolho, ervilhas, algas, sementes de gergelim, espinafre e folhas de nabo comprido. Os alimentos vegetais em geral são uma fonte rica de bicarbonato de potássio, que aumenta a retenção de cálcio.
Segundo Rena Mendelson, professora de nutrição da Universidade Politécnica Ryerson, em Toronto, "uma mulher precisaria beber 2,5 xícaras de leite ou comer de três a cinco xícaras de [vegetais ricos em cálcio]" por dia para suprir "a necessidade diária de cálcio". Ela é citada em "O leite e o tema do cálcio", artigo publicado em 10 de abril no jornal The Globe and Mail, na coluna "The Middle Kingdom", cujo assunto é selecionado pelos leitores.
O artigo do The Globe and Mail e os outros citados aqui são leitura recomendada para todos os que desejam participar do debate sobre o cálcio: qual a melhor maneira de trazer este elemento para dentro do corpo e mantê-lo ali. É terreno fértil para discussão, e continuará assim ainda por um bom tempo. Os fatos podem levar alguns comedores de carne a considerar a adição de mais alimentos vegetais a suas dietas e converter alguns lacto-vegetarianos em veganos.
Tradução: Beatriz Medina
Fonte: Sítio Veg
Eu já li em uma matéria, inclusive, que o leito possui cálcio, mas também possui outra propriedade que inibe a fixação do cálcio no nosso organismo, por essa razão a proporção de mulheres com osteoporose é maior entre aquelas que ingerem leite em maior quantidade.
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