Lizzie Armitstead tinha apenas 10 anos quando contou aos pais que se tornaria vegetariana. Neste ano, ela ganhou a primeira medalha da Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos: medalha de prata na competição feminina de ciclismo de estrada.
Fui criado como vegetariano desde que nasci e pratiquei corrida de longas distâncias por grande parte da minha vida adulta. Um dos equívocos mais comuns com o qual sempre me deparei é que vegetarianos são pálidos, criaturas gentis que recuariam frente a uma arena esportiva. Apesar de ter quebrado recordes na escola, as pessoas questionavam a capacidade da minha dieta em me dar força.
Passei seis meses no ano passado morando e treinando com um dos melhores corredores de longa distância do Quênia para o meu livro “Correndo com os quenianos”. Os atletas, de Rift Valley, não eram estritamente vegetarianos, mas comiam muito pouco carne, que é geralmente reservada para ocasiões especiais como casamentos e funerais. Embora refeições não-vegetarianas fossem servidas aos atletas nos campos de treinamento, nós vivíamos a maior parte do tempo com uma dieta formada por arroz, feijão, ugali (uma massa feita de farinha e água) e vegetais verdes.
A lista de medalhas de ouro que os atletas quenianos já ganharam nas competições é quase interminável.
Entretanto, a maioria dos nutricionistas ainda não está convencida de que os benefícios em ser vegetariano podem ser estendidos também para esportistas de elite. Enquanto isso possa significar uma dieta baixa em gorduras saturadas, o que é bom, exige que os atletas fiquem mais vigilantes em relação à ingestão de proteínas, ferro e vitamina B12. “É um trabalho difícil”, afirma Linia Patel, nutricionista esportista. “Pode ser feito, claro, mas eu tiro meu chapéu para aqueles que conseguem.”
No entanto, como Armitstead mostrou mais uma vez, vegetarianos continuam a chegar no topo de seus esportes. A ciclista segue uma longa relação de esportistas olímpicos que conseguiram se sobressair sem “comer cadáveres”, como ela mesma diz.
Aqui estão outros grandes atletas olímpicos vegetarianos:
Paavo Nurmi
Um dos maiores corredores da história, o “finlandês voador” ganhou nove medalhas durante os Jogos Olímpicos de 1924 e 1928, incluindo as provas de 1500m e 5000m, na mesma tarde, em Paris, em 1924.
Murray Rose
Conhecido como “Alga”, por causa de sua dieta vegan, o nadador australiano ganhou quatro medalhas olímpicas nos jogos de 1956 e 1960. Ele era vegan desde criança.
Edwin Moses
Por duas vezes medalhista dos Jogos Olímpicos nos 400m com obstáculos, Moses alcançou a mais incrível vitória da história do esporte ganhando 122 corridas consecutivas entre 1977 e 1987 e quebrando quatro recordes mundiais ao longo do caminho.
Bode Miller
Um dos maiores esquiadores alpinos dos EUA de todos os tempos, Miller ganhoucinco medalhas, incluindo uma de ouro em 2010, em Vancouver. Ele foi cresceu em uma fazenda orgânica de New Hampshire.
Carl Lewis
O velocista Lewis não era vegetariano quando ganhou quatro medalhas em Los Angeles, em 1984, mas optou pela dieta mais tarde, apenas para ajudar a carreira. Em 1991, ele venceu os 100m no campeonato mundial com 30 anos de idade e ainda um recorde mundial. Esta foi, segundo ele, sua maior corrida.
Emil Voigt
O último homem britânico a conquistar uma medalha de ouro de longa distância nos Jogos Olímpicos, em 1908, em Londres, Voigt era um antigo escritor do The Guardian, bem como um vegetariano dedicado.
Christopher Campbell
A arena de luta livre não é exceção quando se trata de vencedores vegetarianos. Campbell perdeu a chance do ouro olímpico em 1980, por causa do boicote dos EUA aos Jogos. Ele ganhou o título mundial em 1981 e conseguiu voltar em 1992 para ganhar o bronze em Barcelona, aos 37 anos.
Martina Navratilova
Apesar de ter perdido nas quartas de final em sua única participação olímpica, em Atenas, em 2004, Navratilova é uma dos maiores tenistas da história, ganhando 18 Grand Slams, incluindo incríveis nove títulos em Wimbledon. Ela é uma forte defensora do vegetarianismo.
Fonte: ANDA - Tradução: Natalia Cesana - 05.08.2012
Não se esqueçam so Scott Jurek, ultramaratonista americano que acaba de lançar o livro "Eat and Run," onde destaca como a alimentação vegana o ajudou a se tornar um atleta melhor: mais rápido, mais resistente e menos propenso a lesões.
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