O que há de errado em comer ovos?

Por Vera Regina Cristofani

O que há de errado em comer ovos?
Quando conversamos com as pessoas sobre o veganismo, é comum concordarem que é errado causar sofrimento, dor e matar os animais para produzir carne e laticínios, mas muitas delas não veem nenhum problema em comer ovos, porque isso não envolve sofrimento e morte de animais.

Todavia, ao nos informarmos sobre o assunto, entendemos que há inúmeros problemas, e eles são verdadeiramente horríveis, envolvidos nesse hábito. Um deles, por exemplo, é que os pintinhos machos são moídos vivos, mortos com gás, eletrocutados ou sufocados, pois eles não têm valor comercial para a indústria por não produzirem ovos e não crescerem rápido o suficiente para virarem carne. Outras práticas comuns da indústria de ovos é a debicagem que consiste em cortar uma parte do bico sem o uso de anestésico e a manipulação do ciclo de postura das galinhas pela privação de alimento que causam sofrimento horrendo às aves.

No Brasil, milhões de galinhas poedeiras são mantidas em gaiolas de arame superlotadas, as chamadas gaiolas em baterias, onde cada galinha tem um espaço de chão menor do que uma única folha de papel tamanho carta. Elas não podem realizar a maior parte dos seus comportamentos naturais, como empoleirar, fazer ninho, tomar banho de areia, ciscar, explorar o ambiente, correr, alongar e bater as asas ou simplesmente caminhar. As galinhas sofrem estresse psicológico e muitos danos físicos, que incluem fraqueza e quebra dos ossos, perda de penas e outras doenças. Essa severa restrição ao movimento físico leva à má formação dos pés e à distúrbios metabólicos, incluindo osteoporose e danos hepáticos.

Para tentar melhorar essa situação — que, na verdade, só pode ser realmente melhorada quando pararmos de consumir e usar os animais como mercadorias, como produtos, como escravos e adotar o veganismo– há campanhas para encorajar a indústria a adotar a produção de ovos de galinhas “livres de gaiolas”. Entretanto, essas campanhas apenas buscam uma mera redução no sofrimento das galinhas poedeiras, pedindo que elas sejam retiradas do confinamento intensivo das gaiolas em bateria.

Essas campanhas têm focado principalmente na capacidade da galinha de abrir as suas asas. Contudo, os ovos de aves “livres de gaiolas” continuam sendo produzidos por aves cujos bicos são amputados até quase pela metade sem anestesia. Além disso, as galinhas poedeiras, embora “livres” das gaiolas de bateria, não ficam livres. Normalmente, elas são colocadas em enormes galpões onde ficam espremidas entre outras dezenas de milhares de aves, vivendo sobre o próprio estrume e vitimadas por uma série de doenças dolorosas relacionadas à postura de ovos intensiva e ao confinamento, e até pelo canibalismo.

Embora as galinhas sadias possam viver pelo menos cinco anos, mesmo as poedeiras que são criadas “livres de gaiolas” são consideradas “gastas” pela indústria após um ano de postura, quando, então, são abatidas para serem aproveitadas em comidas processadas.

Assim, não se engane. Há problemas em comer ovos, e há problemas com o uso de animais em geral. O interesse do animal é de não ser usado, explorado e morto para o nosso benefício, seja na alimentação, em testes, em entretenimento ou de qualquer outra forma.

Podemos dizer “não” ao ciclo de violência, injustiça e morte de animais que sofrem, sentem dor, prazer e querem viver ao adotar o veganismo, e participar, dessa maneira, do processo de abolição da escravidão animal, porque isso é, o mínimo, que eles merecem.

Fonte: ANDA - Foto: Reprodução - 10.09.2013

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9 comentários:

  1. E quanto a minhas galinhas criadas com todo carinho, das quais consumo os ovos?

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    1. Didi, eu tbm tenho galinhas caipiras e elas são criadas completamente livres e muito bem tratadas. Neste caso, não vejo problema no consumo dos ovos

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    2. Moro em fazenda, adquiro os ovos de uma vizinha que cria as galinhas soltas, também não vejo problema em consumi-los.

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  2. Porquê não comer ovos! (Eu ainda como, mas quero parar)

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  3. Concordo! Eu já não como carne de espécie alguma, por causa da crueldade. Como agravante, sou gaúcha e vim de uma família produtora de carne. Mas eu não tinha essa visão sobre o consumo de ovos. Agora vou ter que criar minhas próprias galinhas, porque não quero parar de comer ovos.

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  4. Posso fazer uma pergunta? Sabemos que galinhas sem a presença de galos, continuam a por ovos.E se, e eu falei e se.A pessoa criar duas galinhas soltas, com direito a ração, lugar adequado, veterinário e tals, e se for assim, há problemas em comer os ovos delas, quando elas os colocarem?
    Creio que podemos incentivar isso, e fazer pequenas criações de galinhas poedeiras sem malefícios para as pobrezinhas

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  5. MINHA GENTE DO JEITO QUE VÃO AS COISAS, EM BREVE NÃO COMEREMOS MAIS NADA.

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    1. Tem tanta coisa pra comer cara. ta por fora ein

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  6. Concordo , mas quero fazer uma ressalva. Eu não tenho galinhas, mas uso ovos , esporadicamente quandos oferecidos ( ela não os quer vender) por uma vizinha que as cria em casa, como animais de estimação.
    Entendo que sou privilegiada e felizarda, mas acho que é importante dizer que apesar da maioria esmagadora dos produtores privilegiarem apenas o lucro, ainda há muita gente boa por aí. Vejam o comentário da Didi :) Aqui na Europa há até programas em que as pessoas resgatam galinhas de granja , criadas em sistema intensivo e adotam-nas como animais de estimação. Existem três sistemas de produção, o intensivo , em gaiolas, o cage free, também intensivo e cruel e o pasture raised - onde os animais são criados ao ar livre (claro que as galinhas precisam mesmo de um galinheiro para dormir e se abrigarem) e não são alimentados com ração. Entendo que esta é uma realidade peculiar em termos de estatística, mas é importante mencioná-la.

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